O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, admite o racionamento da água durante a noite em algumas localidades e aconselha a população a habituar-se a gastar menos devido à seca que o país atravessa.
Carlos Martins admite que esta é a seca mais longa que o país já viveu e, nesse sentido, defende o racionamento, salientando a inexistência de muitos instrumentos para lidar com a seca, a não ser ter cuidado com a utilização da água.
O secretário de Estado do Ambiente considerou também importante que os “municípios e as entidades gestoras dos serviços de água devem reduzir as pressões de água”.
Nesse sentido, o secretário de Estado aponta como medidas essenciais a toma de banhos mais rápidos, eventualmente mais espaçados no tempo, fazerem uma utilização mais disciplinada dos sanitários, não fazerem lavagens dos dentes, das mãos ou da loiça com água a correr e efectuarem regas de jardim com água já usada e durante a noite.
Questionado sobre se a falta de água pode vir a causar aumentos nas facturas da água e da electricidade, Carlos Martins disse que “este ano ainda não, porque os preços são regulados anualmente pela entidade reguladora, que é independente e não depende do Governo.
“No que diz respeito à energia eléctrica não consigo ter essa avaliação, mas a ERSAR, neste caso a ERSE, que é o regulador para os serviços eléctricos, ponderará se a EDP, não produzindo energia a partir da solução hídrica, terá custos superiores ou inferiores recorrendo à solução eólica, à solução solar, ao carvão ou ao gás. Portanto, esse é uma matéria sobre a qual nós não temos conhecimento detalhado, mas seria tentado a dizer que não vai haver esse agravamento, mesmo nos quatro municípios mais afectados”, disse.
Carlos Martins destacou também que a chuva prevista para esta semana é insuficiente para fazer face à seca “mais longa que Portugal já viveu”.
“Veremos se com o evoluir do tempo, se as medidas que começam esta semana – mais camiões a transportar água da Aguieira para Fagilde, mais camiões a transportar água do Planalto Beirão e da Barragem das Águas do Norte para os reservatórios de Mangualde, nelas e Viseu – nos permitirão ter uma situação mais tranquila”, salientou.
O secretário de Estado do Ambiente lembrou também que a Comissão de Gestão de Albufeiras já iniciou um intenso programa de comunicação na comunicação social e nos multibancos, no “sentido de levar as pessoas a comportamentos mais adequados”.
Questionado sobre se consegue quantificar prejuízos, Carlos Martins destacou que o ministério “não tem esses dados apurados”.
“Acredito que o Ministério da Agricultura acompanhe de muito perto essa situação. Nas reuniões que temos de carácter interministerial, esse assunto tem sido suscitado”, indicou.
De acordo com o índice meteorológico de seca do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a 15 de Novembro, verificou-se um aumento da área em situação de seca extrema em todo o território de Portugal Continental.
Segundo o IPMA, a 15 de Novembro cerca de 6% do território estava em seca severa e 94% em seca extrema.