Se a sua empresa está a atravessar um bom momento, apesar da crise, e pensa que está na altura de aumentar a equipa para impulsionar a expansão do negócio, em primeiro lugar é importante analisar com cuidado a estrutura de custos da empresa antes de fazer um investimento na contratação de mais colaboradores.
Se por um lado é uma verdade indiscutível que as pessoas são o que move as empresas e são o bem mais valioso de uma organização, a realidade mostra que gastos muito elevados com recursos humanos podem ser sinónimo de fracasso. Feitas as contas, os trabalhadores representam uma das maiores parcelas na lista de custos fixos de uma empresa.
Na opinião de Manuel Sousa Antunes, vice-presidente da Associação Portuguesa de Gestão de Pessoas (APG), não é possível estabelecer uma percentagem máxima para os gastos com recursos humanos, já que este valor depende muito do setor de atividade e da estrutura de custos da empresa. E ilustra com um exemplo: “Um call center é sobretudo formado por pessoas, e aí a empresa tem custos mais elevados com os trabalhadores. Na indústria, ou na distribuição, já é diferente”, refere.
Por seu lado, Rodrigo Ferreira, presidente da Associação Nacional das Empresas de Recursos Humanos (ANERH), alerta para o risco: “Quando os salários atingem 60% ou 70% das despesas totais de uma empresa, por vezes, as primeiras vítimas são os recursos humanos”. Para evitar este cenário e não ter de recorrer mais tarde a um processo de reestruturação empresarial com despedimentos, siga passo a passo as dicas do Saldo Positivo para calcular o custo mensal e anual de cada colaborador da sua empresa.
1. Defina o salário base do trabalhador
Partindo de uma remuneração ilíquida de 1.000 euros, a título de exemplo, multiplique o valor por 14 meses e divida o total por 12, para apurar o custo médio mensal com o salário e contabilizar um doze avos por cada um dos subsídios: de férias e de Natal. Deve fazer o mesmo cálculo para as contribuições para a Segurança Social e o seguro de acidentes de trabalho.
Exemplo:
1.000€ x 14 = 14.000€ / 12 = 1.166,6€
2. Contabilize as contribuições para a Segurança Social
A tão debatida Taxa Social Única (TSU) é a contribuição paga mensalmente à Segurança Social tanto pelo empregador como pelos trabalhadores. No total, a TSU corresponde a 34,75% do salário bruto, sendo que cabe às empresas pagar uma taxa de 23,75% e aos funcionários os restantes 11%. Com o objetivo de incentivar a criação de emprego e a manutenção de postos de trabalho, o Estado concede isenções da TSU em algumas situações.
Exemplo:
1.000€ x 23,75% = 237,5€
237,5€ x 14 = 3.325€ / 12 = 277,08€
3. Não se esqueça do seguro de acidentes de trabalho
Obrigatório para todas as empresas sem exceção, independentemente da dimensão e número de trabalhadores, o seguro de acidentes de trabalho é mais um custo a contabilizar com os colaboradores. O valor pode variar em função da apólice contratada, do risco inerente à profissão exercida, entre muitos outros fatores.
Não se esqueça: o seguro de acidentes de trabalho é obrigatório para todas as pessoas ao serviço da empresa e, em média, pode rondar 1% dos rendimentos globais a segurar.
Exemplo:
1000€ x 1% = 10€
10€ x 14 = 140€ / 12 = 11,66€
4. Some o subsídio de alimentação
O limite de isenção de incidência de IRS e de TSU do subsídio de refeição pago em dinheiro (depositados em conta juntamente com o ordenado) é de 4,52 euros por dia. No caso do subsídio de refeição ser pago sob a forma de cartão bancário pré-pago (designados cartões refeição) ou vales refeição, o valor só é sujeito à taxa de 23,75% da TSU a partir dos 7,23 euros. Para calcular o valor anual, basta multiplicar uma média de 21 dias de subsídio de alimentação por mês por 11 meses (não se contabiliza o mês de férias).
Exemplo (cartão refeição):
7,23€ x 21 dias úteis = 151,83€ x 11 meses = 1.670,13€/12 = 139,18 €
5. Inclua ainda outros custos extra
De acordo com a lei, as empresas devem ainda assegurar aos trabalhadores: formação e auditoria de higiene e segurança no trabalho; medicina no trabalho; e formação profissional, sendo obrigatório dar 35 horas por ano de formação acreditada.
Faça as contas ao mês:
Salário base: 1.166,6€
Segurança Social: 277,08€
Seguro de acidentes de trabalho: 11,66€
Subsídio de refeição: 139,18€
Custo médio mensal: 1.594,52€
Custo anual total : 19.134,24€